Artigo da ANFACO sobre a corvina e muito mais!
Curioso sobre os benefícios para a saúde do polvo, da corvina e da dourada produzidos de forma sustentável? Não procure mais! Este artigo, escrito pela ANFACO e publicado na Revista Industria Conserveira, analisa o inovador projeto SEA2SEE, do qual a SEAentia é um orgulhoso parceiro.
Os testes efectuados revelaram níveis muito baixos de contaminantes e proteínas de elevada qualidade em todas as espécies analisadas. Além disso, os peixes eram ricos em vitaminas, minerais e ácidos gordos ómega 3, todos eles essenciais para a saúde humana.
Leia abaixo para descobrir o quadro completo!
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Aqui pode consultar a tradução do artigo original em espanhol:\
Qualidades nutricionais e propriedades benéficas do polvo, da corvina e da dourada produzidos de forma sustentável.
Este artigo foi escrito pela ANFACO-CECOPESCA no âmbito do projeto SEA2SEE: “Tecnologia inovadora de rastreabilidade blockchain e desenvolvimento de uma estratégia de participação para aumentar a visibilidade, aceitação social e consumo de produtos da pesca sustentáveis na Europa” (https://sea2see.eu/ ). É cofinanciado pelo programa Horizon Europe e tem um orçamento de mais de 5 milhões de euros. O seu principal objetivo é aumentar a confiança dos consumidores e a aceitação do peixe e do marisco produzidos de forma sustentável na Europa. O consórcio é constituído por 14 instituições, incluindo centros de investigação, universidades, empresas de consultoria e outras empresas de diferentes países da União Europeia: Portugal, França, Bulgária, Grécia, Holanda e Espanha.
O SEA2SEE centra-se na rastreabilidade de toda a cadeia de valor de determinados produtos da pesca e da aquicultura: dourada, peixe magro e polvo. Utiliza modelos e aplicações inovadores de blockchain, tanto para profissionais como para a sociedade, traduzindo a informação de forma simples e direta para os consumidores, anunciando as suas opções na compra destes produtos. Além disso, estão previstas demonstrações das inovações desenvolvidas em diferentes locais durante o projeto.
Uma das principais tarefas da ANFACO-CECOPESCA no SEA2SEE centra-se na caraterização do risco-benefício do consumo destes produtos da pesca e da aquacultura. Por esta razão, estão a ser realizados numerosos estudos para os avaliar em relação à qualidade e segurança alimentar, bem como à frescura. Neste sentido, estão a ser realizadas análises de diversos parâmetros, tanto de contaminantes legislados como de contaminantes pouco frequentes ou emergentes. Por exemplo, estudam-se as ficotoxinas no polvo, assim como as dioxinas, os bifenilos policlorados (PCB) e o cloreto de benzalcónio no peixe magro ou na dourada. Estão também a ser avaliados indicadores microbiológicos, físico-químicos e nutricionais, bem como atributos sensoriais. Além disso, estão a ser estimados vários índices de qualidade de lípidos e proteínas e certas vitaminas e minerais estão a ser caracterizados como indicadores de saúde.
Está também a ser estudada a análise do ciclo de vida (ACV), o estudo do impacto ambiental causado pelo cultivo ou extração destes produtos e todas as fases ao longo da cadeia de valor até ao consumidor final.
Finalmente, em conjunto com outros membros do consórcio, estão a ser feitos esforços para melhorar a aceitação dos produtos e das soluções desenvolvidas por parte dos consumidores.
Em particular, são estudadas quatro espécies capturadas ou produzidas de forma sustentável: peixe magro, criado utilizando um sistema de recirculação de água (RAS) numa fábrica de aquacultura em Peniche, Portugal; dourada, cultivada ao largo da costa na Grécia; polvo, capturado por pescadores artesanais no Algarve, Portugal; e truta, produzida em Espanha. Uma vez recebidas na ANFACO-CECOPESCA, as amostras são analisadas ao longo do ano, trimestralmente, para detetar eventuais diferenças sazonais.
No final do projeto, em 2026, serão compilados os principais benefícios versus os possíveis riscos dos produtos da pesca acima mencionados. Finalmente, será preparado um relatório Layman para comunicar os resultados aos produtores, à indústria e aos consumidores, entre outros, numa linguagem de fácil compreensão.
Apresenta-se de seguida um resumo dos principais resultados obtidos até à data. Embora sejam preliminares, salientamos que são consistentes ao longo da amostragem efectuada durante este primeiro ano do projeto.
A primeira coisa que gostaríamos de enfatizar é que, em todas as espécies, os valores de todos os contaminantes mencionados acima são muito baixos ou ausentes e sempre bem abaixo do limite legislado ou recomendado para aqueles não legislados.
A análise organoléptica reflecte uma pontuação muito valorizada pelo painel de especialistas e amadores, tanto nas amostras cruas como cozinhadas, obtendo os valores máximos da escala em muitos dos parâmetros avaliados.
No que diz respeito ao valor nutricional do polvo, da corvina e da dourada, estes têm cerca de 17, 23 e 20 g de proteínas/100 g, respetivamente. Nos três casos, a percentagem total de aminoácidos essenciais (aqueles que o nosso organismo não consegue sintetizar) em relação aos aminoácidos não essenciais é muito elevada para adultos, adolescentes e próxima da recomendada para bebés (39%). Destaca-se também o rácio de eficiência proteica (PERest), no qual se obtêm valores ainda mais elevados do que os da caseína (PER 2,5) para as três espécies, mostrando que a proteína é de elevada qualidade. O rácio de Fisher (FR), que está relacionado com o metabolismo hepático, apresenta também valores muito elevados, próximos do valor estabelecido para exercer um efeito positivo na prevenção de doenças hepáticas.
Por outro lado, foram efectuadas análises de vitaminas e minerais para avaliar se as alegações nutricionais poderiam ser feitas de acordo com os seus valores de referência de nutrientes, tal como indicado no Regulamento Europeu 1169/2011, sobre a informação alimentar fornecida ao consumidor (“rico em” ou ter um “elevado teor em”). Podemos destacar que o polvo é “rico em” ou tem um “elevado teor em” magnésio, fósforo, selénio e cobre, bem como vitamina B12 e biotina. A dourada destaca-se pelo seu teor de vitamina B3, B12, B6, fósforo, zinco, selénio, potássio e cobre. No que diz respeito ao magro, vale a pena destacar o teor de vitamina B3, B2, B1, fósforo, selénio e potássio. Como já foi referido, estes dados são preliminares e as análises efectuadas até à data são insuficientes para poder definir estas alegações nutricionais para as quais se deve ter em conta o modo de preparação e consumo destas espécies.
Por fim, foi efectuada a estimativa de certos índices de qualidade dos lípidos para conhecer o seu efeito na saúde: índice de aterogenicidade (IA) e índice de trombogenicidade (IT), relação ácidos gordos hipo (h) vs hipercolesterolémicos ( H), relação ómega 6/ómega 3 (ω-6/ω-3), ácidos gordos polinsaturados/ácidos gordos saturados (PUFA/SFA), UFA/SFA, soma do ácido eicosapentaenóico (EPA) e do ácido docosahexaenóico (DHA), em comparação com os ácidos gordos totais e a relação ácido linoleico (LA)/ácido linolénico (ALA).
Os resultados mostram que os índices IA e IT têm valores muito baixos, indicando uma elevada proteção destes produtos contra as doenças cardiovasculares e a inflamação. Os valores obtidos em h/H que estão relacionados com o metabolismo do colesterol são elevados, reflectindo efeitos positivos na saúde. Além disso, foram obtidos valores elevados no rácio PUFA ou UFA/SFA, bem como no LA/ALA, que indicam que o consumo destes produtos ajuda a reduzir o colesterol. Finalmente, a elevada percentagem de DHA e EPA significa que estas espécies podem contribuir para reduzir a hipertensão, a inflamação e, em geral, o risco cardiovascular.
Assim, o estudo que está a ser realizado no âmbito do projeto SEA2SEE permite-nos mostrar as qualidades nutricionais e as propriedades benéficas para a saúde do consumidor destes produtos da pesca e da aquacultura. Para além disso, é de salientar a ausência de riscos para a saúde, tanto de parâmetros incluídos na legislação, como de outros que, apesar de não estarem legislados, poderiam representar riscos específicos.